sexta-feira, 27 de abril de 2018

RAIZES E AMARRAS

Hoje foi um dia particularmente "epifânico", por vários momentos me deparei com revelações "surpreendentes" (mas nem tanto) das minhas percepções de vida.

Pensando no que minha amiga Nicole Zaneti publicou sobre as respostas as vezes estarem nas raízes e não nos galhos... Na verdade, essa reflexão resultou até em epifanias coletivas....

E curiosamente, duas das minhas amadas amigas tiveram confissões de estarem passando pelo mesmo processo, em que você consegue ir procurar tão fundo na alma que chega a curar feridas e descobrir coisas que não tem o menor porquê te ainda pertencer a você...

Caso 01 -  Empoderamento feminino, almoço em casa, com meu pai e minha amiga... e uma discussão fluida e interessante sobre o feminino, suas vertentes, peculiaridades.... o feminismo e o femismo e a tendencia de inversão de dominação... quase não consigo voltar ao trabalho pois o dialogo estava fluindo tão construtivamente e tão terapeuticamente....

Deste ponto, descobrimos que os arquétipos estão aí e nós tendemos a repetir tudo...
O empoderamento está exatamente no poder fazer diferente, no não se anular, se subtrair ou se mutilar para encaixar em algo que serve apenas de referência....

Declaramos concordância na visão de que a luta pelos direitos deve ser legitimada sim, mas a inversão do status opressão x opressor não deve ser uma saída... e muitas vezes se torna uma cilada teórica ou um antagonismo ideológico.

Foi um tanto libertadora essa conversa....

Na chegada ao trabalho, eu vejo uma publicação da Nicole e foi absurdamente elucidador.... mas o melhor ainda estava por vir.

Caso 02 -  No final do dia, nos encontramos para visitar uma terceira amiga... e novamente as confissões surpreenderam, mas foi tão maravilhoso! Ela dizia o quanto olhar suas raízes fez com que as amarras que prendiam fossem soltadas....

Muitas vezes quando identificamos a origem do problema a gente consegue ter a lucidez necessária para intervir, transmutar, curar e devolver o sentimento... e essa transmutação é toda a magia... não é simplesmente largar a amarra... cortar.... é transformar num laço de respeito, compreensão e empatia. É a síntese do AMOR em seu estado puro e natural e é lindo!!!!

Caso 03 - Voltando pra casa já maravilhada por tantas conversas e revelações um pensamento me vêm a mente. Qual o papel que essas "amarras" tem enquanto raízes?? Elas tiveram uma função social que já não é pertinente ou simplesmente foram frutos de uma ignorância?
Bem, eu sou dessas que acredito na função social da crendice.... e vou deixar a reflexão aberta aqui.... mas, quem sabe num outro post eu desenvolva esse tópico com mais afinco?!

O resumo de hoje foi: auto-conhecimento, empoderamento, paz, libertação, amarras e raízes.

GRATIDÃO PELO APRENDIZADO!!!!!

SER MULHER

Quanta coisa muda em 02 anos!!!!

Quanta coisa guardada nem tem mais sentido.... como guardar uma roupa bonita quando se está em fase de crescimento, quando resolve vestir... não cabe mais.

Nesse tempo mil coisas aconteceram... e eu nem conseguiria dizer tudo num post só... então vamos por partes.

SER MULHER 

Recentemente eu tive uma pequena crise existencial que me fez rever os conceitos sobre ser mulher.
Sobre como quero ser, o que devo ser e como ser.

Parece meio bobo, mas toda vez que paro pra pensar no assunto tenho um mini faniquito.... isso porque eu não me identifico nadinha com as "coisas de mulher" que são impostas socialmente, e tenho um conceito muito diferente do que seriam as minhas competências.

Quando penso que tenho que arrumar casa, lavar roupas, fazer comidas, cuidar de filhos, ser jardineira, secretaria oficial do marido... eu me canso só de pensar e me dá uma vontade tremenda de sair dando uma de louca por aí.

Mas o pior mesmo é que essas obrigações chatas e sacais não somente são impostas pela "sociedade" como também são impostas a mim por mim mesma. Estranho né???

O papo de "meu marido" me ajuda em casa há muito tempo já foi pseudo redefinido na minha cabeça, porém na prática a história é outra. Vivo dizendo que meu marido não "ajuda em casa" ele assume responsabilidades comigo... porém, no fundo quando algo não está como deveria eu sinto como se fosse minha a responsabilidade total da bagunça.

E aí vem as aspirações sociais, minha amiga eu num sei se você tem mais de 30, mas se tem vai me entender: as pessoas não perguntam se você está bem, se o casamento tá feliz, te perguntam quando vem o bebê? 

Sequer me perguntam se quero um.... e vou até deixar a deixa prum post "Será que quero um bebê",  sim porque se você pensa demais no assunto fudeu... ou vai ficar na neura de tenho que ter  ou vai desistir de vez do assunto (mas vou deixar esse tema pra outra vez).

O tempo inteiro você tem que estar disposta, linda, no salto, maquiada, cabelo arrumado, tem que dar conta da casa, do trabalho e tem que estudar infinitamente mais do que um coleguinha do sexo masculino simplesmente por não ter nascido com um falo.

Você é o tempo todo bombardeada com imagens femininas de mulheres empoderada, que na verdade são robôs multi-tarefas; cansaço não existe e num pode existir, desanimo jamais!!!! Principalmente se "deu a sorte de casar"... aff.... sorte a del' de me ter como parceira.

"Nossa Diná você tem que ser mais feminina!!!" Galera, feminina eu até sou, só num sou fresca!

E não... não considero panelas, fronhas, travesseiros, toalhas e enxovais diversificados como "PRESENTE PRA MIM" são presentes pra casa, pra família, mas nunca pra mim!

Eu não acho shopping, mercado ou feira uma opção de lazer... na verdade pra mim é extremamente estressante... passo essa função fácil... DESTESTO "de com força"... mas, quando precisa eu vou.... sozinha ou acompanhada... faço o que tem que ser feito, mas se eu pudesse nunca mais teria que pensar em mercado.

Aí beleza, marido vai ao mercado: compra 1kg de tomate (que já tem em casa) , 2 detergentes (que tem em casa), pão (que dá pra um dia ou pra um mês), carne (que ele prepara maravilhosamente num churrasco no mesmo dia)  e cerveja (que nunca pode faltar na geladeira).
Dias depois "porra num tem nada pra comer na geladeira".... ¬¬ será que ele pensa que as coisas transmutam em outro produto?

Aí ou eu tenho que fazer a lista ou tenho que ir junto.... mas, entenda o que eu não gosto é exatamente isso....

Então... eu penso no que eu gostaria de ser enquanto mulher: ah!!! eu queria ser aquela bruxa velha mantenedora das artes da cura, conhecedora das crendices populares, prestando serviços comunitários imprescindíveis: sábia, maga, acolhedora, referencia....
Eu gostaria de ser uma mulher estudada, respeitada, consultada profissionalmente... estar sempre em desenvolvimento intelectual e experimentar inúmeras interações culturais.... EU AMARIA ISSO.

Mas, confesso: a visão da Diná lavando louças, costurando cuecas, cozinhando, podando plantas, cuidando de moleques remelentos buchudos, arrumando os afazeres do marido... eu juro que acho louvável, mas não é algo que eu realmente aspire.... na verdade, eu até gostaria de uma pessoa que fosse a "governanta" de tudo isso... pra sobrar mais tempo pra eu ser a Diná curiosa, divertida, brincalhona e feiticeira.