segunda-feira, 12 de junho de 2023

Sobre meu casamento.

 Uma das coisas mais felizes que eu me recordo da minha infância é de como as festas eram feitas.

Não tinhamos grandes recursos financeiros e também não havia tanta abundância de "festas prontas". Então quando resolvíamos fazer festa, passávamos dias preparando essa festa. Vinham as empregadas e seus filhos, as faxineiras e seus filhos, os vizinhos, os parentes, a família. 

Todos unidos, cada um com sua tarefa, mas a festa começava dias antes. Na cozinha as mulheres se reuniam para contar suas histórias, suas frustrações e até suas mágoas... e cada uma trazia suas vivencias e era um ambiente extremamente amparador, acalentador.

As crianças ficavam responsáveis por tarefas simples (quase todas no quintal ou envolvendo água e balões) e por vezes escondíamos em baixo da mesa para ouvir as histórias dos adultos ou mesmo para roubar um salgadinho, um doce ou enfiar o dedo na massa de bolo.

Os rapazes se juntavam para arrumar coisas no quintal, na casa, ou até mesmo da decoração que exigia um pouco mais e bricolagem.

Havia o momento de "restauração" em que TODOS sentávamos para almoçar e era permitido às crianças se intrometerem nas "conversas de adultos".

Eram momentos em que todos estavam com roupas casuais (as vezes até mesmo as rasgadas) e nos sujávamos, riamos, choravamos....

Aí quando a hora da festa ia chegando, era dado o sinal para os banhos e arrumações. As meninas iam primeiro pois demoravam no banho, cabelo e maquiagem. Depois iam os meninos.

As mulheres trocavam dicas de beleza e moda, ajudavam umas as outras se vestirem, se maquiarem. Conversavam, contavam os segredos e pediam conselhos.


DEUS COMO SINTO FALTA DISSO!


Quando pensei no meu casamento, eu queria viver um pouco disso... 

Escolhi meus padrinhos e madrinhas por serem pessoas especiais, por fazerem parte da minha vida, por serem algum tipo de modelo pra mim.

Foram: Elissa e Guillaume; Damine e Magno; Leandro e Cslla; Isabela e Fabricio; Alexandre e Paulo; Luca e Raquel; Milton e Lindenberg; LeandroNatália e Jomivaldo; Rodrigo e Juliana; Daniel e Carol; Cláudia; Hortência;  Larissa; Raquel e Hannah.

Cada um desses de alguma forma contribuíram para o meu crescimento, crescimento da Ana ou o Crescimento do casal.


Os preparativos: foram criados grupos de padrinhos e madrinhas para definir roupas e atividades.

Mas, não foi exatamente o que eu queria. Egos ficaram aflorados, coisas foram deixadas pra depois.

Acho que toda a "irritação e ansiedade" que eu poderia ter no dia do casamento, aconteceu nas vésperas dele.

Combinamos encontros para falar de decorações, definir tarefas, tomar umas cervejas e descontrair com os padrinhos, mas poucos foram. 

A decoração foi praticamente toda feita por mim e pela madrinha Cláudia. Com ajuda da Natália e um pouco de ajuda da Hannah e da Raquel.

Nessa época estava cuidando da Sogra, então tinha poucos tempos livres e muitas vezes tinha de levá-la comigo.

Meu ganho secundário: tive a presença de uma "mãe" comigo. Já que a minha mesmo estava viajando na maior parte dos preparativos.

O Buffet foi pensado como um Brunch, pq a idéia era pra ser um momento de descontração de amigos que se encontraram para comemorar nosso "DEU CERTO" (já que a gente tinha feito o test drive de casamento, mas isso é outra história).

A BANDA! A banda foi a banda dos meus sonhos, porque foi uma banda que fez parte da minha adolescência e também da adolescência da Ana. Liguei para o Marcelo e perguntei se ele estava disposto a passar a comemoração de aniversário dele (que nasceu no mesmo dia que eu) cantando pra mim no meu casamento. Foi um dos meus maiores acertos!

A igreja, foi a mais perto da casa da minha mãe e a recepção foi na casa onde nasci e cresci.... foi incrível.

A maquiagem: só teve um detalhe precisava ser uma maquiagem que não derretesse na água. Isso porque eu iria pular na piscina. (Comprei o vestido no mercado livre para não ter pena de estragar...embora não tenha estragado). Maquiagem não derreteu... (mas os chocolates sim).


O que eu fiz: eu comprei as flores, as frutas, os pães e ganhei uma tábua de frios de uma pessoa do trabalho, eu fiz toda a decoração, escolhi as flores mais próximas às flores da nossa flora: bromélias, copos de leite, teve até flor de curcumã. Fiz os buques para as "damas de companhia", fiz a almofada das alianças para minha prima levar. Fiz minhas unhas, escolhi a roupa das madrinhas, as musicas e a decoração da igreja. TUDO TINHA UM TOQUE MEU!

No dia do casamento, o vestido era mais decotado do que imaginei então cobri meu decote com um bordado de bandeja (e ninguém percebeu). Acordei as 5 horas da manhã.... lembrei de todas as coisas que precisava levar, dei as orientações para a Ana e a expulsei de casa. Percebi que minha gata estava com o olho inchados, tirei foto, mandei para a veterinária e perguntei se era urgente ou se eu podia ir pro meu casamento.... ela riu e disse que eu poderia levar a gata na segunda.

Fui para o salão, minha única preocupação era que a maquiagem não podia derreter: tinha que ser a prova d'água, pois eu pularia na piscina. Cabelo e maquiagens prontos, vesti o vestido e percebi que não estava de carro.

Meu padrinho querido Fabricio me mandou um Uber para me buscar no salão e ir para igreja.

No caminho, olhava o grupo e me deliciava em ver a correria do "povo"... pq era meu dia.... e eu estava na minha plataforma. Percebi também que não tinha feito as unhas, tirei tranquilamente esmalte da bolsa e fiz minhas unhas no banco de traz do Uber Black.... rs....

Chegando na igreja, percebi uma movimentação estranha.... gente entrando e saindo... uma confusão! Outro divertimento meu: não contratei cerimonial.

Lembrei também que eu não tinha um buque então liguei para minha prima, pedi para arrancar uns copos de leite dos arranjos e levar pra mim. Prendi as flores com uma xuxinha de cabelo e tá lindo!

Tudo pronto, meu pai me deu o braço para entrar: cadê mamãe? Era pra entrar um de cada lado.
Meu pai disse que ela estaria em casa terminando de arrumar as coisas. (não engoli, pois ela é protestante mas fez questão de estar no meu batismo, primeira comunhão e crisma, casamento não seria diferente).

Caminhamos soberanos pela nave da igreja, e eu sentia cada olhar, cada carinho, cada sorriso, cada lágrima. Foi como se eu mergulhasse num mar de AMOR! Amor por mim.

Já no altar, perguntei a Ana: Cadê minha mãe? Ela disse que estaria  em casa .... eu perguntei de novo, de uma forma mais "enfática" dessa vez: "estamos aqui reunidos diante de Deus, amigos e familiares, e eu vou perguntar de novo, só que dessa vez, se você mentir pra mim eu vou virar as costas e ir embora: cadê minha mãe?". Ana chorando me disse: passou mal e foi para o hospital. Perguntei: quem está com ela? Ana respondeu que estavam o Túlio e a Damine. Então disse: TOCA O CASÓRIO!

Parecia naquela hora que eu só podia dar conta de mim e do que eu podia ajustar e cuidar da minha mãe, naquele momento, mesmo que fosse ao hospital eu não poderia fazer nada.

Lembrei que no dia anterior ela tinha reclamado da falta de algum item de cerimonial e eu respondi: mãe, esse casamento não é um evento público, não é um evento para fazer política, é um momento para agradecer uma união que já existe, que todos já sabem. Essa cerimonia é para celebrar o amor com quem eu AMO. Então se algo sair errado, vão me perdoar, se não perdoarem eu saberei que não é amor. E fechei essa explicação dizendo: "Mãe, para o casamento acontecer precisa do casal, Deus e o sacerdote, todas as outras pessoas eu gostaria que fossem, as presenças me farão feliz. Mas a ausência não irá cancelar o casamento!"

Nesse momento, me emocionei, porque minha mãe não estava ali e ela fez falta pra mim. Pensei no que ela me falaria se eu cancelasse tudo. Pensei que tinham outras pessoas que faziam falta e não estavam ali. Mas, aquele momento era de celebração do AMOR então o show tinha que continuar.

O calor era imenso, o diacono estava passando mal em baixo daquela batina toda, mas eu achei a cerimônia linda.... as musicas perfeitas e até o anuncio equivocado que que seria uma criança a entregar as alianças... foi tudo lindo!

Fomos para a recepção.... mil fotos, tirei a cinta que me prendia.... uma loucura! Paparazzis.... todos querendo atenção das noivas (ou melhor dos recém casados).... eu queria falar com todos, mas queria pular na piscina pq estava morrendo de calor.... então falei.... com todos os que estavam no caminho para a piscina.....

Fui até a banda, avisei que pularia.... pedi para anunciarem de que estava aberta a "piscina".... rs... 

Confesso que não lembro de todas as pessoas, sei que estava especialmente acertiva aquele dia, e que muitas respostas foram dadas de forma bem seca. Coisas do tipo "isso num pode acontecer num casamento" e eu responder esse é meu casamento, e no meu casamento pode!

Pessoas perguntavam pela minha mãe, e eu respondia que estava esperando ela chegar. Para alguém me lembro de ter pedido para perguntar pra outra pessoa, eu estava casando.

Pessoas chegavam com mensagens da minha mãe dizendo que estava bem... eu sabia, no fundo eu sabia que ela estaria em casa no final da festa.

Parei a banda: fiz um discurso dizendo o quanto eu estava feliz, o quanto era importante aquele momento e cada presença. Falei que não seria possivel a festa sem o empenho de tantas pessoas, dos padeiros que fizeram os pães, aos musico que aqui estavam. Porque a festa só aconteceu pela soma de tantos esforços e que mesmo o maior dos problemas que tinham acontecido naquele dia, foi importante para torna o evento incrível. Pensar em todas as pessoas que não puderam vir, nas que tinham vindo de longe, pensar que não tinhamos o controle de tudo, mas tinhamos a obrigação de aproveitar tudo e todos os momentos. Agradeci, agradeci de coração, desejando que cada pessoa no mundo pudesse pelo menos uma vez na vida sentir aquele amor, aquela felicidade que eu estava sentindo. Não por não ter problemas, mas por ter bençãos!

Pulamos na piscina!!! A primeira dança dos recém casados foi na piscina e foi cowboy fora da lei....

Assim que saímos da piscina dançamos, e a primeira dança em "solo" foi Cio da Terra.... tão maravilhosa aquela sensação....









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